domingo, 14 de julho de 2013

Displasia Broncopulmonar



Hoje vamos falar um pouco da respiração dos pequenos, o Pablo ficou dependente do oxigênio em torno de 50 dias na UTI, e isso causou algumas feriadas em seu pulmão, vamos entender um pouco sobre isso, quando ele recebeu alta no hospital fez alguns exames, e o pneumologista chegou a cogitar que o seu pulmão era 6 meses mais novo que sua idade atual pois ainda estava em formação.


Displasia broncopulmonar

O que é displasia broncopulmonar?
Displasia broncopulmonar é uma doença resultante de agressões causadas pelo tratamento de recém-nascidos prematuros ou com doenças pulmonares, tais como infecções, acúmulo de líquidos, malformações pulmonares, etc. Os pulmões não estão completamente formados ao nascimento, de tal modo que o número de alvéolos aumenta muito nos 2 anos de vida primeiros anos de vida.

Quando o recém-nascido prematuro precisa de ventilação mecânica para sua sobrevivência, essa resulta numa inflamação pulmonar, que produz cicatrizes pulmonares e interfere com o desenvolvimento normal dos pulmões.

A lesão pulmonar que ocorre nas crianças com displasia deixa a criança com dificuldade para respirar, respiração acelerada e dependência de oxigênio, além de chiado no peito e tosse. Todos estes sintomas tendem a melhorar com o passar do tempo e com o crescimento pulmonar normal, desde que a criança receba tratamento adequado.

Como é o diagnóstico da displasia broncopulmonar?
O diagnóstico da displasia broncopulmonar é feito nas crianças que apresentam dependência de oxigênio com 28 dias de vida com alterações típicas na radiografia dos pulmões.

Quando a criança é muito prematura utiliza-se um momento diferente (36 semanas de idade gestacional corrigida) para fazer este diagnóstico, pois a dependência de oxigênio mais prolongada nestes bebês pode refletir apenas uma incapacidade de respirar adequadamente por problemas de força muscular, e não de uma doença pulmonar propriamente dita.

Como é o tratamento da displasia broncopulmonar?
O tratamento da displasia envolve questões alimentares, uso de oxigênio, medicamentos e prevenção de infecções. Como o crescimento pulmonar é a chave para a melhora dos sintomas de cansaço e dependência de oxigênio, o ganho de peso e o crescimento normal da criança têm grande impacto na melhora da displasia broncopulmonar. Entretanto, as crianças com displasia broncopulmonar em geral são prematuras e apresentam outros problemas associados à nutrição, como dificuldades na alimentação, doença do refluxo gastroesofágico, aumento do gasto de energia pelo cansaço, infecções, etc. Portanto, é preciso uma abordagem individualizada para determinar o melhor meio de nutrir adequadamente a criança com displasia broncopulmonar.

Freqüentemente é necessário o uso de suplementos nutricionais para aumentar o valor calórico dos alimentos, como fortificantes do leite materno e preparados a base de gorduras, como o TCM (triglicérides de cadeia média).

O uso de oxigênio representa um dos aspectos mais importantes no tratamento da displasia broncopulmonar, pois a imaturidade pulmonar aliada às lesões cicatriciais dos pulmões resultam numa dificuldade em captar o oxigênio do ar ambiente, e como conseqüência as crianças não conseguem uma oxigenação adequada sem uma oferta adicional do oxigênio.

Quanto oxigênio é preciso para uma criança com displasia broncopulmonar?
Quando o bebê está na UTI, em ventilação mecânica (com o respirador artificial) habitualmente almeja-se uma saturação de oxigênio entre 90 e 95% (medida através do aparelho denominado oxímetro de pulso). Nesta situação, procura-se oferecer a menor quantidade possível de oxigênio para atingir estes valores. O excesso de oxigênio suplementar nesta fase (1as semanas de vida) pode resultar em danos ao organismo, principalmente para a retina (olhos) e para os pulmões.

Quando a criança supera esse período e passa a ficar dependente de oxigênio, com o diagnóstico estabelecido de displasia broncopulmonar, passa-se a oferecer o oxigênio para manter a saturação de oxigênio superior a 92% (93% ou mais), pois estes valores de oxigenação foram bem estudados e estão associados a um melhor crescimento e desenvolvimento das crianças. A oxigenação inadequada nesta fase pode resultar em vários problemas, como desnutrição e problemas cardíacos secundários (hipertensão pulmonar).

O oxigênio deve ser administrado preferencialmente sob a forma de cânulas nasais, pois desta forma continua sendo oferecido durante os períodos de sono e alimentação.

Quais medicamentos são utilizados nas crianças com displasia broncopulmonar?
Habitualmente são utilizados diuréticos, broncodilatadores e corticosteróides, e eventualmente também são administrados medicamentos para tratar a doença do refluxo gastroesofágico, que está presente em boa parte destas crianças. Os diuréticos são substâncias que ajudam o organismo a expelir mais água, pois estas crianças costumam acumulá-la nos pulmões com mais facilidade. Os broncodilatadores ajudam a melhorar a passagem do ar para os pulmões. Os corticosteróides são medicamentos que agem para diminuir a inflamação presente nos pulmões destas crianças. Quando as crianças têm a doença do refluxo gastroesofágico, utilizam ainda medicamentos para diminuir a acidez do estômago e outros para ajudar o estômago a esvaziar mais rápido e reduzir as regurgitações e vômitos.

Como pode ser feita a prevenção de infecções nas crianças com displasia broncopulmonar?
Todas as crianças precisam receber vacinação, mas o momento em que as vacinas devem ser administradas nas crianças prematuras pode ser diferente, a depender do tempo de gestação e peso da criança.

Além das vacinas do calendário básico de saúde, as crianças com displasia broncopulmonar devem receber vacinação para o pneumococo e vírus da gripe ou Influenza (esta também deve ser indicada para os familiares e cuidadores).

Além das vacinas, recomenda-se a administração de um anticorpo especial, denominado gamaglobulina específica anti-vírus sincicial respiratório nos meses de março a agosto para as crianças com displasia broncopulmonar até os dois anos de idade, que tenham necessitado oxigênio e/ou diuréticos nos últimos 6 meses.

Ainda com relação à prevenção de infecções, é preciso lembrar que pessoas com resfriados ou gripes e crianças abaixo dos 12 anos de idade devem ter acesso limitado à criança com displasia broncopulmonar nos primeiros meses após a alta, pois as infecções respiratórias representam o maior risco para elas.

Importante ainda lembrar que a lavagem de mãos é comprovadamente o método mais eficaz na prevenção da transmissão de doenças, e deve ser estimulado para todas as pessoas em contato com a criança com displasia broncopulmonar.

Qual é a perspectiva das crianças com displasia broncopulmonar?
A melhora dos sintomas da displasia broncopulmonar é lenta e gradual, e depende do tratamento adequado e da ausência de complicações graves, mais comuns no 1º ano de vida (principalmente as infecções respiratórias). A dependência de oxigênio desaparece lentamente e raramente ultrapassa o 1º ano de vida. Não se recomenda “apressar a retirada” ou tentar forçar o desmame do oxigênio, já que a oxigenação adequada é fundamental para o crescimento e para evitar complicações cardíacas.

Relator: Dr. Luiz Vicente Ribeiro Ferreira da Silva Filho
Membro do Departamento de Pneumologia da SPSP – gestão 2007-2009; Pediatria da Unidade de Pneumologia Pediátrica do Instituto da Criança da HC-FMUSP; Pediatra da Clínica de Especialidades Pediátricas do Hospital Israelita Albert Einstein, São Paulo, SP.





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